quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O ritual diário de escritores famosos

Nunca sentiu vontade de saber como aquele livro que você está lendo atualmente foi escrito? Pois então, saibam que muitos autores possuem uma rotina pré-determinada, que já faz  parte de seus relógios biológicos.Confira agora alguns dos autores mais lido da atualidade e seus respectivos “rituais sagrados”:


Jane Austen
Autora de Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade.
Costumava acordar cedo, antes que a maioria das mulheres, e tocar piano incessantemente até as 9h, horário em que começava a preparar o café da manhã da família, sua única contribuição nos afazeres domésticos de sua casa. Então, sentava-se na sala de estar e escrevia, geralmente na companhia de sua mãe e sua irmã que costuravam tranquilamente. Se alguma visita aparecesse, ela poderia esconder seus papéis e juntar-se a costura. A principal refeição do dia, o jantar, era servida entre as 15h e 16h, logo depois havia bate-papos, jogos de cartas e chá. À noite, havia também leituras de novelas e romances, que era quando Jane lia seus trabalhos em andamento para sua família. 


Victor Hugo
Autor de Os miseráveis e O Corcunda de Notre Dame.
Escrevia toda manhã, sentado em uma escrivaninha de frente para um espelho.  Ele acordava de madrugada, despertado por um tiro diário de uma fortaleza próxima de sua casa, e recebia seu café fresquinho juntamente com uma carta de sua amante, Juliette Drouet. Depois de ler as palavras de “Juju” para seu “Amado Cristo”, Hugo engolia dois ovos crus e se isolava para escrever, parando somente às 11h.


Mark Twain
Autor de As viagens de Tom Sawyer e As aventuras de Huckleberry Finn.
Sua rotina era simples: costumava ir toda manhã para o seu estúdio logo após um saudável almoço e só retornar no horário do jantar, lá pelas 17h. Desde que pulasse o lanche e sua família se mantesse longe do estúdio onde escrevia – ela faria crescerem chifres se precisasse dele – ele normalmente escrevia ininterruptamente durante horas. Em um dia quente, chegou a escrever a um amigo: “Eu deixo o estúdio bem aberto, uso pedras como pesos para impedir que meus papéis voem e escrevo bem no meio de um furacão, vestido com o mesmo linho com que fizemos algumas camisas”.


Stephen King
Autor de Carrie, a estranha e O Iluminado.
King escreve todos os dias do ano, incluindo seu aniversário e feriados. Ele quase nunca se permite parar até chegar à meta de duas mil palavras por dia. Ele trabalha pela manhã, começando entre 8h e 8h30. Em alguns dias, para por volta das 11h30, mas geralmente atinge sua meta apenas por volta das 13h30. King, então, tem as tardes e noites livres para cochilos, cartas, leitura, família e assistir aos jogos do Red Sox na TV.


Franz Kafka
Autor de A Metamorfose e O Castelo.
Em 1908, Franz conseguiu um cargo no Instituto de Segurança de Acidentes do Trabalhador, em Praga, tendo a sorte de poder participador de um cobiçado sistema de turno único. Ele morava em um apartamento bem pequeno com sua família, onde só podia reunir concentração suficiente para escrever tarde da noite, quando todos já estivessem dormindo. Drama evidenciado na carta que Franz Kafka escreveu para Felice Bauer em 1912: “O tempo é curto, minha força é limitada, o escritório é um horror, o apartamento é barulhento e se um futuro agradável não é possível, então você deve tentar esquivar-se disso com manobras sutis”.  Na mesma carta, ele continua a descrever sua rotina: “... às 22h, mas muitas vezes não antes das 23h30min, sento-me para escrever e continuo chegando até, dependendo da minha força, disposição e sorte, as 1h, 2h ou 3h, sendo que uma vez fiquei até as 6h escrevendo”.


Liev Tolstói
Autor de Guerra e Paz e Anna Karenina.
“Eu devo escrever todos os dias sem falta, não tanto para o sucesso de meu trabalho, mas sim para não sair de minha rotina.” Essas são palavras do próprio Tolstói, escritas em um de seus raros registros em um diário durante meados de 1860, quando estava imerso em sua mais nova obra “Guerra e Paz”. De acordo com seu filho, Sergei, Liev trabalhava isolado – ninguém estava autorizado a entrar em seu estúdio e as portas para os quartos adjacentes estavam sempre trancadas a fim de garantir que não seria interrompido.


Charles Dickens
Autor de Grandes Esperanças e Oliver Twist.
Primeiramente, ele necessitava de silêncio absoluto, por isso, em uma de suas casas foi preciso colocar uma porta extra em seu estúdio para bloquear o barulho de fora. E seu estúdio tinha de ser precisamente arrumado, com sua escrivaninha de frente para uma janela e, em cima dela, seu material de escrita, canetas de pena de ganso e tinta azul, colocados ao lado de vários outros ornamentos como um pequeno vaso de flores, uma grande faca de papel, uma folha dourada com um coelho empoleirado em cima e suas estatuetas de bronze, que representavam um par de sapos duelando e um cavaleiro cercado de crianças.


George Orwell
Autor de 1984 e A revolução dos bichos.
O cargo na Booklover’s Corner, um sebo em Londres onde era assistente durante meio período, mostrou-se ser ideal para o bacharel de 31 anos. Acordando às 7h, George saia para abrir a loja às 8h45 e ficava lá por uma hora. Então, ele tinha tempo livre até às 14h, quando retornaria para o sebo e trabalharia até às 18h30. Isso lhe proporcionava mais ou menos quatro horas e meia para escrever na parte da manhã e no início da tarde que era, convencionalmente, o período em que mais ficava mentalmente alerta.


Haruki Murakami
Autor de 1Q84 e Minha querida Sputnik.
Quando está escrevendo um livro, Murakami acorda às 4h e trabalha de cinco a seis horas direto. No fim da tarde, ele nada ou corre (às vezes, os dois), caminha sem rumo, lê e ouve música, sendo que às 21h já é hora de dormir. “Eu mantenho essa rotina todo dia, sem variações”, ele disse à revista The Paris Review em 2004. “A repetição por si mesma se torna o mais importante, é uma forma de hipnotismo. Eu me hipnotizo para alcançar um estado mais profundo da mente.” A única desvantagem desse cronograma auto-imposto, Murakami admitiu em um ensaio em 2008, é que ele não dá espaço para uma vida social.


Simone de Beauvoir
Autora de Memórias de uma moça bem-comportada e Tudo dito e feito.
Embora seu trabalho sempre viesse em primeiro lugar, sua agenda também girava em torno de seu relacionamento com Jean-Paul Sartre, que durou desde 1929 até o ano de sua morte em 1980.  (A parceria intelectual deles era um assustador componente sexual; de acordo com um pacto proposto por Sartre no início do relacionamento, ambos poderiam ter amantes, mas eram obrigados a contar tudo um ao outro).
Geralmente, Beauvoir trabalhava por conta própria de manhã, então se juntava a Sartre para almoçar. À tarde, eles trabalhavam em silêncio no apartamento dele. No início da noite, eles iam a qualquer evento político ou social da agenda de Sartre, ou assistiam a um filme ou bebiam Scotch e ouviam rádio no apartamento de Beauvoir.

Traduzido e adaptado de: Shortlist.

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